top of page

Nunca é tarde para recomeçar


Eu já tinha mais de 40 anos quando resolvi largar a minha bem sucedida carreira de executiva pra virar fotógrafa.

Claro que a decisão de fazer uma mudança radical como esta nunca é uma decisão fácil, mas ser empresária num momento em que uma crise se anunciava também não era uma promessa de uma vida fácil pela frente.

Eu sempre gostei de fotografia. Desde os 20 anos eu tive máquinas profissionais (que sempre usava no modo automático por falta de conhecimento de seu funcionamento), mas nunca tinha pensado em transformar isso em uma profissão.

Eu não sabia operar a máquina, não tinha nenhuma relação com arte (além de umas poucas visitas aos museus mais famosos do mundo que fiz durante viagens de férias). Nem sequer conhecia outros fotógrafos com quem pudesse trocar ideias e, pior, se o momento já era de crise para negócios estabelecidos, a ideia de começar algo totalmente novo, sem contatos e nem muito conhecimento podia ser considerado um desafio insano.

Eu estava preparada: havia feito uma poupança que me permitia passar alguns anos sem precisar ganhar dinheiro com esta nova atividade.

Andrea Goldschmidt fotografando as Cavalhadas na festa do Divino em São Luiz do Paraitinga

Resolvi começar devagar: me inscrevi num curso de fotografia da Panamericana Escola de Arte e Design. Teria 2 anos para aprender a usar o equipamento e avaliar se este seria de fato um empreendimento viável e, mais do que isso, se este realmente era um caminho que me agradava, já que, geralmente, as coisas parecem mais legais nos sonhos da gente do que são, de fato, na realidade.

Descobri neste período que aprender a fotografar é fácil. Difícil é se tornar uma artista, ter algo a dizer (que ainda tem que ser diferente do que tantas outras pessoas já têm dito). Ser fotógrafa é muito mais do que apertar o botão da máquina. Numa época em que todo smartphone tem uma câmera fotográfica poderosa, saber o que dizer, que mensagem quero transmitir, é, sem dúvida, mais importante do que clicar.

Resolvi me dedicar às festa populares brasileiras. Venho viajando de norte a sul do país para conhecer e registrar a enorme diversidade de formas de celebrar que o povo brasileiro tem.

Estudei (e ainda estudo) muito. Me aventurei por áreas do conhecimento que nunca tinha pensado em estudar antes (antropologia, sociologia, religiões, etc.). Descobri um mundo novo pela frente. Um mundo encantador, cheio de simbologias, de lindas fantasias, de cores, de histórias...

Às vezes dá um pouquinho de medo, claro. Será que já não estou meio velha para começar algo assim, do zero? Mas, por outro lado, o que seria da vida da gente sem os desafios que nos motivam?

Andrea Goldschmidt e seus animados amigos fotógrafos, companheiros de aventuras

Conheci pessoas incríveis nesta nova trajetória. Aprendi mais nos últimos 4 anos do que eu mesma podia imaginar. E isso fez eu me sentir jovem outra vez. Desafiada a superar os meus próprios limites. Desafiada a crescer, a aprender, a seguir os meus sonhos, a ser feliz.

Se valeu a pena? Não consigo imaginar a minha vida de outra maneira!

87 visualizações

Posts recentes

Ver tudo
bottom of page