O fato folclórico tem uma série de características próprias. Veja abaixo um texto super explicativo adaptado do que está no site do Festival de Folclore de Olímpia:
1. O anonimato: Os fatos folclóricos não têm um autor, foram criados por alguém, claro, mas o nome desse autor, se perdeu através dos tempos, despersonalizando-se, assim a autoria.
A estória de Dona Baratinha (que se considerou muito rica ao encontrar um vintém e, por isso, saiu à procura de quem com ela pudesse se casar) nos parece, pelos seus elementos, essencialmente brasileira, já que o noivo é o nosso conhecido João Ratão que, no dia do casório, por gula, morre num caldeirão que de feijoada, mas, já essa mesma fábula já havia sido registrada em uma coleção de estórias da Índia, há quase dois mil anos. Quem foi seu autor? Ninguém sabe.
2. Aceitação coletiva: o povo, aceitando o fato, toma-o para si, considerando-o como seu, e o modifica e o transforma, dando origem a inúmeras variantes. Assim, esta estória é contada de várias maneiras, uma cantiga tem trechos diferentes na melodia, os acontecimentos são alterados e o próprio povo diz: “quem conta um conto aumenta um ponto”. A mesma coisa acontece com as danças e com a indumentária. Há, contudo, uma certa estrutura que determina aquele fato folclórico e as modificações não invalidam o modelo.
3. Transmissão oral: Como os antigos não dispunham de imprensa, nem livros, nem jornais, todos os acontecimentos eram transmitidos oralmente. Essa forma de transmissão, a oral, ainda persiste em meios primitivos e no interior de nosso país, nos povoados distante, nas vilazinhas esquecidas, nos bairros longínquos. Só se aprende, nessas circunstâncias, por ouvir dizer e por imitação.
4. Tradicionalidade: não no sentido de um tradicional acabado, coisa passada, sem vida, mas de uma força de coesão interna que define a região e o povo e lhes dá uma unidade.
A tradição, veiculada pela transmissão oral: um modo vivo e atual pelo qual se transmitem os conhecimentos, não ensinados na escola. Ela rege todo o saber popular, seja o desenvolvimento de um jogo, de uma dança, de uma técnica, seja uma atitude ante qualquer agente que exija definição de comportamento.
E é essa força que age no sentido de garantir a permanência dos valores de uma cultura. Elementos de outras culturas a submetem a pressão, a inércia pode retardar algumas modificações, mas a cultura é viva, dinâmica e sofre, evidentemente, impactos em todos os setores.
5. Funcionalidade: Tudo quanto o povo faz tem uma razão, um destino, uma função. O povo nada realiza sem motivo, mesmo que suas origens tenham se perdido nos tempos. A dança, por exemplo, não é apenas uma repetição de gestos com feição harmoniosa. Inicialmente teria tido um destino, seja decorrente de rito religioso, seja de cerimônia do grupo, e, assim, deve ser vista como parte de um todo, da cultura do povo, e uma expressão a ser analisada como integrante de um contexto.
Por que o povo canta? Canta para rezar, canta para adormecer a criança, canta para trabalhar, canta para festejar as colheitas e os acontecimentos, canta para ajudar a morrer e para enterrar seus mortos. Mas, não dá concertos, recitais, audições com os eruditos; as suas festas têm épocas marcadas, com seus cantos e danças próprios. Assim, o Natal é comemorado com grupos de Pastorinhas, Bailes Pastoris e Folias de Reis; o Bumba-meu-boi aparece em datas distintas, variando conforme a região; Congadas e Moçambiques louvam a Senhora do Rosário e São Benedito e assim por diante.
Fonte: Adaptado de https://www.folcloreolimpia.com.br/pagina/o-que-e-/123