Andrea Goldschmidt

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As origens das tradições de Páscoa: várias formas e motivos para celebrar

Atualizado: 15 de abr de 2022

A Páscoa é uma das mais tradicionais festas populares brasileiras. Ela é celebrada ao final da Semana Santa católica, mas a origem das celebrações de Páscoa são antigas e bastante diversificadas!

A Páscoa, na origem pagã, era um rito no mundo pastoril e celebrava a passagem do inverno para a primavera. Os pastores faziam uma festa quando deixavam o local onde tinham passado o inverno com suas ovelhas e se dispersavam a procura de pastagens para os rebanhos. O ápice dessa comemoração era a oferenda de um animal a Deus, como forma de gratidão pela volta das pastagens verdes e das flores. O cordeiro oferecido era comido numa refeição para comemorar a unidade dos membros do clã entre si e com Deus.

Para os judeus a Páscoa teve origem por volta do século 12 antes de Cristo e relembra um fato marcante na história dos hebreus (que, liderados por Moisés, atravessaram o deserto até a terra do leite e do mel e precisavam abandonar o conceito de escravos para aprender a ser livres). Assim a Páscoa, ou Pessach, em hebraico, passa a ser lembrada como a passagem da escravidão para a liberdade e substitui a razão original pela qual se celebrava a Páscoa. Os pães ázimos, fabricados sem fermento (que tem uma simbologia relacionada à corrupção) e a carne de cordeiro são os alimentos básicos desta celebração.

Já para os cristãos a Páscoa celebra a ressurreição de Jesus, após a sua morte na cruz. Esta celebração tem uma íntima relação com a Páscoa judaica que celebrada por Jesus e pelos doze apóstolos, na quinta-feira Santa, no evento que conhecemos atualmente como Santa Ceia. Jesus, que estava preparado para morrer pelos pecados de seu povo, foi chamado de Cordeiro de Deus, porque ele era o Cordeiro a ser sacrificado, para aproximar os homens comuns de Deus, o que guarda uma ligação bastante forte com o conceito original da Páscoa pagã.

O sentido de liberdade entre a Páscoa comemorada pelos judeus e a cristã é o mesmo: ambas dizem respeito a uma passagem e à liberdade. Os judeus foram livres da escravidão e os cristãos, do pecado e da escuridão.

Os dois festivais de ressurreição que originalmente não tinham nada mais em comum uns com o outro do que a época em que aconteciam (a ressurreição de Cristo e a “ressurreição” ou o retorno da primavera), acabaram se fundindo na maneira como celebramos hoje. Assim, o modo como a Páscoa é popularmente comemorada hoje não tem origem bíblica, mas sim em antigos ritos de fertilidade. Por exemplo:

Nome: O nome usado em português dá a entender que a Páscoa atual é uma versão cristianizada da Páscoa judaica. Mas, em inglês e alemão, por exemplo, essa festividade é chamada de Easter e Oester, respectivamente, que derivam de “Ostara” ou “Eastre”, a deusa da manhã radiante, da luz crescente, da verdejante floração de maio, a deusa da primavera. Outras obras relacionam esse nome a Astarte, deusa fenícia da fertilidade, correspondente à deusa babilônia Istar.

Coelhos: Em suas representações mais comuns, observamos esta deusa pagã representada na figura de uma mulher que observava uma lebre saltitante enquanto segurava um ovo nas mãos. Nesta imagem há a conjunção de três símbolos (a mulher, o ovo e a lebre) que reforçavam o ideal de fertilidade comemorado entre os pagãos. Os coelhos, portanto, eram originalmente lebres.

Ovos: O ovo é o símbolo da vida e daí a sua conexão com o renascimento ou a ressurreição. Em algumas culturas, as pessoas acreditavam que os ovos decorados tinham o poder mágico de trazer felicidade, prosperidade, saúde e proteção. Por isso começaram a presentear-se uns aos outros com ovos cozidos, de cerâmica, de vidro, de ouro e cravejados de pedras preciosas. Ao entrarem em contato com os maias e astecas, os espanhóis foram responsáveis pela divulgação do chocolate no Velho Mundo. Duzentos anos mais tarde, os chefs franceses tiveram a ideia de fabricar os primeiros ovos de chocolate da história.

Roupa nova: Este costume não é muito comum no Brasil, mas é bastante tradicional em alguns países europeus e deriva de uma tradição de usar vestimentas novas em sinal de respeito à deusa da primavera, ou Eastre. Não usá-las, poderia trazer azar!

Cultos religiosos realizados ao amanhecer: Têm sido relacionados a rituais que antigos adoradores do Sol realizavam no equinócio da primavera para acolher o Sol com seu grande poder de trazer vida nova a tudo que cresce. Até hoje, as procissões acontecem logo cedo no domingo de Páscoa.

Para saber mais sobre as celebrações da Semana Santa em Ouro Preto, clique aqui

Para saber mais sobre as celebrações da Semana Santa em Goiás, na Festa do Fogaréu, clique aqui

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