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Festa da Abolição na Comunidade quilombola dos Arturos


Um homem preto, com expressão séria olha para a camera. Ele tem um bigode fino preto. Veste uma camisa azul clara sobreposta por uma faixa branca, uniforme dos moçambiques. Usa um chapeu de tecido azul, com bolas e traços brancos.
Arthur Camilo Silvério - patriarca da comunidade quilombola dos Arturos

Arthur Camilo Silvério nasceu após a promulgação da Lei do Ventre Livre. Ele não foi oficialmente um escravo, mas, na prática, sua vida diferia muito pouco das de seus pais.


Quando seu pai morreu, ao insistir com o patrão para ir ao sepultamento, Arthur foi agredido. Ele teve que ficar trabalhando e não pode comparecer à homenagem. Naquele momento, fez uma promessa a si mesmo: seus filhos viveriam sempre juntos.


Casou-se com Carmelinda Maria da Silva e tiveram 10 filhos. Passaram a viver no bairro Jardim Vera Cruz, em Contagem, na área que se tornou conhecida posteriormente como a Comunidade Quilombola dos Arturos.


Ali, os descendentes de Artur e Carmelinda vivem, criam seus filhos e preservam as tradições dos negros que foram trazidos para o Brasil, por meio de festas e celebrações.


Uma parte significativa dos quase 500 descendentes de Arthur e Carmelinda são os responsáveis pelo Reinado, uma forma de catolicismo popular que mescla crenças e valores africanos, especialmente de origem banto, à fé e à liturgia católica.


O Reinado é composto pela guarda de Congo, pela guarda do Moçambique e pela Corte Real.

Quando saem em procissão, os congadeiros vão na frente, anunciando a chegada dos filhos do Rosário. Eles se vestem de rosa (representando os caminhos de flores para a Senhora passar) tocam com ritmo rápido e dançam com movimentos ágeis. Preparam a passagem para os moçambiqueiros (que usam roupas azuis e brancas - as cores de Nossa Senhora) e são os responsáveis por conduzir os reis e rainhas, representantes dos santos de devoção.


As guardas participam das principais festas da comunidade: a Folia de Reis, em janeiro; a Festa da Libertação dos Escravos, em 13 de maio; e o Reinado de Nossa Senhora do Rosário, em outubro.


A Festa da Abolição é uma confraternização para celebrar a liberdade e principalmente para não esquecer o passado de sofrimento e de angústia a que os antepassados dos Arturos e de grande parte da população brasileira foram submetidos.



Uma mulher negra, de cabelos curtos e brancos, dividido ao meio sobre a cabeça, olha para a camera com expressão séria. Ela usa uma camisa cinza fechada até o último botão.
Carmelinda Maria da Silva

É uma homenagem à resistência e à luta de seus antepassados.


Além do Reinado, foram introduzidos nessa festa elementos como a encenação da assinatura da Lei Áurea, a caracterização de alguns Arturos como escravos, o boi e a realização da Missa Conga.


Guardas e ternos de Congado de várias cidades de Minas, assim como a população e turistas em geral, vêm participar da festa e percorrem espaços dentro e fora da Comunidade.


No final do dia, uma refeição completa e deliciosa é servida para todos que ali estão, para alimentar o corpo e a alma.


Atualmente os Arturos adotam uma postura mais crítica na Festa, e utilizam o evento para discutir o papel do negro na sociedade e a luta por seus direitos.

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