Afinal de contas, romaria, procissão, folia e cortejo são coisas diferentes?
- Andrea Goldschmidt 
- 11 de mar. de 2017
- 3 min de leitura

Quando comecei a fotografar as festas populares brasileiras ficava sempre muito confusa em relação a como chamar cada uma das coisas que estava presenciando... há romarias, procissões, cortejos, folguedo... nunca tinha entendido as diferenças em relação a cada uma destas coisas até que, recentemente, li o livro “Cultura na Rua” de Carlos Rodrigues Brandão, onde há uma explicação super bacana e super clara sobre estas diferenças.
Genericamente, há 6 tipos de celebrações nos ritos católicos:
- As missas (novenas ou rezas) são as que acontecem em um lugar sagrado, como uma igreja 
- As romarias são a busca de um lugar sagrado, são viagens (geralmente longas) que as pessoas fazem ao sair de suas casas tendo como destino um lugar sagrado 
- As folias são as viagens que acontecem entre lugares não sagrados, mas levando uma mensagem sagrada ou anunciando um festejo religioso que irá acontecer 
- As procissões são mobilizações mais curtas, através de um lugar (uma cidade, por exemplo), quando a população circula “por perto” com seres simbolicamente sagrados sendo conduzidos por espaços profanos, como um andor adornado com uma imagem de um santo sendo levado pelas ruas de uma cidade 
- No cortejo, não há andores, são os participantes mesmos que desfilam pelas ruas, revestidos de uma dignidade especial. São os figurantes que tocam, cantam, dançam e se adornam para desempenhar um papel e serem vistos. 
- Os folguedos são representações itinerantes de uma memória tida como heróica ou religiosa. São ritos ou dramatizações em que, de uma maneira ou de outra, uma intervenção celestial está sempre presente, o que justifica a sua apresentação naquele momento e naquela festa específica. 
Algumas festas brasileiras, como a festa do Divino, são compostas por vários tipos de celebração:

- Durante quase todo o ano, a Folia circula de casa em casa para levar a bandeira do Divino, convidar para a festa e captar donativos. 
- Durante os dias da festa, acontecem diariamente as missas que formam a novena. 
- Ao final da missa, os fiéis saem em procissão, quando as bandeiras com as pombas que simbolizam o Divino Espírito Santo circulam pela cidade, antes de serem guardadas novamente na sede do Império. 
- No domingo, muitos folguedos animam a festa, com grupos de Moçambique e Maracatu dançando pelas ruas, além da representação chamada de Cavalhada, que rememora a vitória dos cristãos sobre os mouros na Europa. 
- A festa conta ainda com uma parte totalmente profana, que é o ritual de servir comida para a população, que teve origem em um evento em que a Rainha prometeu servi comida para o povo se seu filho e seu marido parassem de brigar. O famoso “afogado” é o prato típico da festa e ele é feito com bois e batatas doados pela população durante as visitas da Folia que acontecem o ano todo. 
Gostei de compreender melhor a diferença entre cada uma destas formas de celebração. A partir de agora, vou poder escolher com mais segurança o nome apropriado a dar a cada uma das atividades que presencio nas festas populares brasileiras e, de certa maneira, até compreender melhor qual é o objetivo e qual é a simbologia que carregam cada um dos momentos de uma festa popular mais complexa.
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